Thiago Campbell dos Santos está acostumado a surpreender. De técnico mais novo da história do Barra Mansa, aos 26 anos, ele galgou passos dentro do clube como treinador das categorias de base, do elenco profissional e até foi gestor de futebol. Agora, aos 28, pode dar um passo ainda mais importante e ambicioso: tornar-se o mais jovem presidente do Leão do Sul. Ele é, até o momento, o único candidato que manifestou interesse em participar do pleito marcado para o próximo dia 11 de dezembro. E quer mudar a cara de um clube marcado pelas dificuldades e fracassos recentes.
Em 2018, pela primeira vez em quase 10 anos, o Barra Mansa voltará à terceira divisão do Campeonato Carioca. Depois de ser campeão da Segundona em 2014, subir para a elite e experimentar uma queda vertiginosa desde então, o Leão se viu em dificuldades maiores do que nunca neste ano, quando foi assolado por problemas financeiros e mal tinha elenco suficiente para simplesmente ir aos jogos da Série B1. Uma realidade que Thiago Campbell, que está no clube há seis anos, pretende mudar como presidente:
– Quem quer estar dentro do Barra Mansa hoje, precisa ser conhecedor do que está fazendo. A gente conhece o clube e sabe da capacidade que ele tem. O Barra Mansa tem uma vantagem que poucos pequenos têm: a torcida. Não estamos "caindo de gaiato". Não fiz parte do planejamento da temporada e retornei num momento delicado. Mas, para entender tudo, a gente procurou doar nosso melhor. Deu para agregar até onde foi possível, mas o clube pagou caro por um erro de planejamento. Agora é leite derramado, chegou a hora do processo eleitoral e a gente espera, com um grupo de trabalho forte, ter uma temporada mais segura e mais bem sucedida.
Thiago chegou ao Barra Mansa em 2011. Na altura, treinou os times de base e adulto de futsal. Depois, chegou ao campo como técnico e passou pelas equipes sub-15, sub-17 e sub-20. No ano do título da Segundona, ele estava na comissão técnica como um dos auxiliares do técnico Wilson Leite e recebeu a primeira chance como técnico na Copa Rio de 2015. Após uma passagem pelo Resende, o jovem treinador voltou ao Leão já como "bombeiro", nas últimas rodadas do campeonato de 2017, sem conseguir evitar o rebaixamento.
Depois de quase quatro anos de mandato de Anderson Florentino, o Andrinho, Campbell pretende mudar a mentalidade que reina dentro do Barra Mansa. Em uma entrevista exclusiva ao FutRio.net, ele diz que a busca por patrocínios não deve ficar dependente de apoio da prefeitura da cidade e mira alto ao falar sobre o que pretende. Entre outras coisas, a liberação do Estádio Leão do Sul, fechado há três anos, a busca por parcerias através de empresas privadas, o fomento às categorias de base e até o lançamento de uma loja oficial do clube. Confira:
Em 2018, o Barra Mansa voltará à Terceirona após oito anos. O quanto essa queda atrapalha os planos de reerguimento do clube e como reagir diante disso?
– O Barra Mansa vai ter que se planejar durante um ano para voltar a um lugar que já estava, que é a Segundona. Por outro lado, a gente vem se desgastando nas últimas temporadas com seguidas lutas contra o rebaixamento. Numa terceira divisão, com o clube se reorganizando, trazendo a torcida para seu lado e conseguindo um acesso, isso vai mexer com o brio do torcedor. Aposto ver o clube numa crescente para, em 2019, chegar com força de novo. Ainda mais se as metas traçadas forem atingidas. É preciso se modernizar em uma série de aspectos.
De que maneira será trabalhada a captação de recursos e patrocínios?
– Em 2015, a gente começou a desenvolver o sócio-torcedor e sabe que pode ter uma receita significativa, pelo tamanho da paixão do torcedor. Mas esse mesmo torcedor quer mudança e quer apostar em uma coisa que ele sabe que vai trazer retorno. A gente não espera receber subvenção do poder público porque sabe que ele passa por um momento delicado, mas a prefeitura pode ser uma grande parceira do clube. Tem muitas coisas que, com o poder da máquina, o Barra Mansa pode ser beneficiado. Entendo que, no futebol, tem que ter conhecimento e relacionamento para que as coisas aconteçam.
Que caminho será buscado da parte da diretoria para obter patrocínios, uma vez que o poder público vive dificuldades e não tem ajudado financeiramente o clube?
– O que a gente quer agora é trazer a NovaDutra (concessionária do trecho da BR-116 que passa pela cidade) como parceira. Ela faz a fresa de asfalto e doa isso aos municípios. Como estádio municipal, o Leão do Sul pode receber isso. É preciso apenas que haja uma relação entre clube, prefeitura e empresa. Nós temos contato direto com o Virgílio (Leocádio, gestor de atendimento da empresa), que é o responsável. Para se ter ideia, Barra Mansa é um dos municípios com mais expansão territorial por onde passa o trecho. É também um dos que mais arrecada imposto, junto com Piraí e São José dos Campos (SP). A cidade tem a Saint-Gobain, antiga Metalúrgica Barbará, onde trabalhamos com a base em 2015 e queremos voltar a fazer isso, usar aquela estrutura e ter a empresa como parceira. Agora, tem que ter relacionamento para fazer acontecer.
É possível recuperar uma situação financeira tão crítica logo depois de um rebaixamento?
– É lógico que a gente lamenta deixar a Série B1 porque o campeonato passou a ser mais forte neste ano em termos de mídia e comercialização, está se tornando uma competição mais forte. Mas o clube vai ter esse ano para se reorganizar para mostrar uma força que não vem mostrando desde 2014, quando subiu para a primeira divisão. O Barra Mansa precisa não só liberar o seu estádio, mas investir no local. O Leão do Sul não é do Barra Mansa, mas do município. O que o clube tem é um termo de concessão de uso. Isso possibilita o investimento de recursos federais naquele lugar.
A propósito, quais são as maiores dificuldades para se liberar o Leão do Sul?
– Em 2015, fiquei responsável pela gestão do clube durante um período. Naquela ocasião, sem ter os conhecimentos que passei a ter depois, ainda consegui três laudos técnicos para liberar o estádio; só ficou faltando o da Polícia Militar, que vetou. Ao redor do estádio, ali na entrada, ainda é possível ver que tem alguns cascalhos. A gente tinha como meta liberar o Leão do Sul, nessas duas gestões do Andrinho, mas não foi possível por questões de relacionamento.
Caso você seja eleito, há alguma prioridade, alguma tomada de decisão logo de cara?
– O que nós vamos fazer de imediato é abrir a loja oficial do clube, no centro da cidade. Estamos fechando com uma fornecedora a nível internacional, uma marca que talvez seja do tamanho da grandeza do clube. E o Barra Mansa poderá arrecadar receita não só através da venda de camisas, mas também de outros materiais esportivos. Depois do processo eleitoral, a gente já vai fechar essa situação para fazer o clube viver outros ares. Isso vai fazer com que, dentro da cidade, as pessoas sintam um clima de mudança em todos os sentidos. A gente está confiante e seguro porque é conhecedor do que precisa ser feito.
Sendo jovem e com uma mentalidade diferente, como você define que seria sua maneira de trabalhar e o quanto confia que pode tirar o Barra Mansa desta situação?
– Não sou uma pessoa que vai tirar dinheiro do bolso porque não tenho capacidade para isso. Mas tenho um bom relacionamento e conhecimento dentro do clube. Com essas ações, a gente vai resolver os problemas e sanar as dívidas, sempre através de parcerias. Sempre digo que futebol é contato, conhecimento e relacionamento. Não adianta esperar que o município nos ajude, é preciso que a gente seja parceiro do governo para buscar as soluções através de outros caminhos. Tenho certeza de que o prefeito (Rodrigo Costa) vai abraçar a causa, ele mesmo já manifestou interesse em nos ajudar, caso mude a diretoria.
Fonte: FutRio
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