Barra Mansa – “Com muita tristeza, estou deixando a presidência do Barra Mansa de uma forma que eu não gostaria”. Com estas palavras o advogado Almir Marques fechou sua gestão no comando do Leão do Sul. Foi sob o comando de Almir que o Barra Mansa disputou pela primeira vez o Campeonato Estadual da primeira divisão, mas a campanha irregular teve fim desastroso e o clube acabou retornando para a Série B após derrotas nos tribunais desportivos.
– O clube está muito acima das pessoas, mas nem todos pensam desta maneira. Queriam extrair os louros da vitória, mas em nenhum momento tentaram resolver os nossos inúmeros problemas. Tenho uma história não só no Barra Mansa, mas na cidade de Barra Mansa. Participei de projetos importantes como atleta e dirigente, mas infelizmente acreditei em pessoas erradas e estou pagando por isso – disse Almir, sem citar nomes diretamente.
Por tudo o que passou no comando do clube, Almir garantiu que dai do Leão de cabeça erguida.
– Não me sinto derrotado, saio de cabeça erguida por ter dado o melhor para este clube. Gostaria de lembrar que a instituição Barra Mansa Futebol Clube está acima de todos nós e não pode ser explorada dessa forma – contou.
Ao entregar a carta de renúncia, o advogado passou o comando de forma interina para o vice-presidente Walter Cardoso. Antes, porém, elencou alguns fatores que pesaram em sua decisão: o erro da secretaria ao enviar o relatório de atletas para a Ferj (que culminou no rebaixamento) e a falta de dinheiro para honrar os compromissos com os profissionais.
– Erramos, sim, ao enviar um relatório no qual não constava o nome do atleta Rômulo, mas corrigimos em tempo hábil e não recebemos da Federação um tratamento igual aos demais filiados. Fomos excluídos de uma forma injusta, sem nenhum tipo de direito. Fato igual a este aconteceu com o Atlético de Sorocaba, mas em São Paulo os clubes menores têm os direitos assegurados e nada de mais aconteceu. Este fato nos colocou perante a mídia como os grandes culpados, mas o que ocorreu foi uma punição cercada de interesses políticos, que nos deixaram de mãos atadas sem nada poder fazer – lamentou.
Almir lembrou que não recebeu apoio da classe empresarial e política de Barra Mansa, mas agradeceu aos torcedores – em especial aos jovens – que compareceram aos jogos. Almir lembrou que o Barra Mansa teve a quinta posição no ranking dos melhores públicos do estadual.
– Foi uma luta solitária que a nossa diretoria teve que enfrentar. Muitos queriam se aproveitar somente das conquistas. No dia em que fomos campeões da segunda divisão, tinha muita gente lá. Alguns apareceram muito mais que os jogadores e o técnico Wilson Leite, verdadeiros heróis que conquistaram o nosso acesso. Quando surgiram os problemas de falta de dinheiro, todos sumiram e nos deixaram expostos às criticas e ao fracasso durante a competição – falou, já com lágrimas nos olhos.
Um dos fatos que teve uma repercussão negativa na mídia foi quando os jogadores não estavam recebendo uma alimentação adequada durante a competição. Na época, o treinador Wilson Leite denunciou que os atletas estavam sendo reidratados com soro caseiro e que em determinado jogo haviam feito um lanche na base de mortadela com pão e refrigerante.
– Faltou dinheiro para comprar alimentos, medicação e pagamento. Único dinheiro que recebemos durante o campeonato veio da Federação, pouco mais de R$ 350 mil em parcelas. A verba do patrocínio da prefeitura, que foi durante todo o campeonato o nosso principal patrocinar, não saiu sob a alegação de que não houve fechamento de nossas contas. Trouxemos aqui o Sr. Alfredo Sampaio, presidente do Sindicato dos Atletas, e mostramos de forma clara toda a nossa contabilidade. Se houve algum tipo de erro foi coisa mínima, mas por isso ficamos sem receber a cota de R$ 600 mil que seriam suficientes para quitarmos os débitos com os nossos atletas. Hoje o clube tem um déficit orçamentário na ordem de R$ 900 mil, mas temos a cota da prefeitura para receber. Espero que com a minha saída da presidência esse dinheiro seja liberado e assim o Barra Mansa possa quitar pelo menos parte da dívida com os jogadores e fornecedores – denunciou
Almir disse ainda que pretende solicitar ao Presidente do Conselho Deliberativo a convocação de uma assembleia geral para fazer adaptação do Estatuto e antecipar as eleições para no máximo outubro.
Fonte: Diário do Vale
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