sexta-feira, 22 de maio de 2020

Em entrevista, Canário recorda excursão pela Europa e títulos por Vasco e Barra Mansa

Integrante de uma geração vitoriosa do Barra Mansa Futebol Clube na década de 1960, o lateral-esquerdo José Geraldo Alves - o Canário - nos dedicou alguns minutos para uma entrevista muito bacana relembrando o período em que ele atuou por Vasco da Gama, Bonsucesso, Barra Mansa, Royal e Barbará.

Blog - Canário, você fez parte de uma geração muito vitoriosa do Barra Mansa (a do tricampeonato da Copa Vale do Paraíba nos anos 60). Como foi fazer parte dessa geração sempre lembrada pelos torcedores?
Canário: Foi um período muito bom. Inclusive, meus filhos, ainda pequenos, tiveram a oportunidade de verem as pessoas na rua me reconhecendo e chamando "Canário, Canário"! O Barra Mansa tinha um time muito forte, tanto que o Botafogo de Jairzinho veio e fizemos jogo duro perdendo de 1 a 0. O Bangu completo campeão carioca de 1966 também veio e empatamos.

Blog - Sobre os três títulos da Copa Vale do Paraíba conquistados pelo Barra Mansa (1965, 1967 e 1968). Qual foi o mais especial para você? E por quê?
Canário: Sem dúvida foi o da final Barra Mansa e Central em 1967. Para o jogo extra da decisão em Três Rios, estávamos hospedados num hotel em Paraíba do Sul e o Tarugo chegou na hora do jogo. A gente notava que ele estava meio vindo da noitada. Mas, no final, deu tudo certo: vencemos com gol dele no finzinho da prorrogação. Na volta pra casa, a torcida do Royal - rival a do Central - comemorando com foguetório quando a gente passou por Barra do Piraí e, chegando em Barra Mansa também, mais foguetório. 

Blog - Entre os jogadores costuma rolar boas resenhas. Que história engraçada você poderia nos contar que ocorreu nos bastidores durante os anos em que atuou pelo Barra Mansa?
Canário: Recordo do Wilson - jogador do Royal - que dizia que mal conseguia dormir nas vésperas de jogos contra o Barra Mansa, por causa da difícil missão de ter que marcar o ponta-esquerda Tarugo. Recordo também do goleiro Fumaça - que jogou no Barra Mansa - que era muito gozador. Certa vez, ele aproveitou uma carona para a cidade do Rio de Janeiro e, ao lhe perguntarem de onde que ele era, ele responde que era de Copacabana, mas na verdade, ele era de Nova Iguaçu.

Blog - Você teve a oportunidade de atuar por grandes clubes da capital - Vasco da Gama e Bonsucesso. Como foi a experiência de atuar por essas equipes?
Canário: Experiência muito boa. Ser bicampeão carioca de aspirantes pelo Vasco da Gama. Jogar no Maracanã lotado ao lado de Fontana, Brito, Joãozinho... Lembro de um Botafogo x Vasco que eu tive expectativa de poder marcar Garrincha. Na época, eu era reserva do Coronel e o Garrincha deu um drible que fez o Coronel cair de boca no chão. O técnico me chamou pra aquecer e eu doido pra marcar Garrincha. Mas jogaram uma água no rosto do Coronel e ele conseguiu retornar. Um tempo depois, eu me desentendi com o treinador Jorge Vieira. Os jornais diziam que eu iria jogar, mas chegava na hora ele escolhia outro pro meu lugar. Nos desentendemos antes de um treino também, aí voltei pra Barra Mansa. Dias depois, o treinador do Bonsucesso ficou sabendo e me chamou para jogar no time dele. Foi quando eu tive a oportunidade de fazer uma excursão pela Europa. Viajamos para França, Grécia, Bulgária. Enfrentamos a Seleção da Bulgária num estádio lotado e, mesmo perdendo por 2 a 0, conseguimos virar pra 3 a 2. Foi uma festa.   

Blog - O que você tem mais saudade dos tempos de jogador de futebol?
Canário: Da sensação de entrar no Maracanã e sentir toda aquela vibração. Olhar para a arquibancada com 110 mil torcedores gritando. Não sabia se jogava ou se olhava para a arquibancada. Momento muito especial mesmo.

Ficha técnica de Canário:
Data de nascimento: 27/6/1942
Naturalidade: Passa Vinte, MG
Clubes: Vasco da Gama (1960-1963); Bonsucesso (1964), Barra Mansa (1965-1969), Royal (1969) e Barbará (1970-1972).
Títulos: Vasco - Campeonato Carioca de Aspirantes (1960-1961); Barra Mansa - Copa Vale do Paraíba (1965, 1967 e 1968); Royal - Copa Vale do Paraíba (1969); Barbará - Torneio Otávio Pinto Guimarães (1970) e, como técnico, Campeonato Fluminense (1972).
Canário atuando pelo Vasco da Gama
Por Diogo de Oliveira Paula  

4 comentários:

  1. Canário! Grande figura! Me orgulho de tê-lo como amigo! Saudade das nossas cervejadas!

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  2. Parabéns pela entrevista
    Vi muito o canário.jogar
    Jogava muito

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  3. Lamento essa perda... Canário jogou com meu tio Carlito no Vasco. Tinha um humor refinado, era divertido encontrar com ele mesmo que fosso em uns poucos momentos...
    Não o vi jogar, mas sua Fama diz tudo...
    Desejo a ele conforto e paz e a Família consolo que só Deus pode oferecer!

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